As Secas no Ceará


“A sêca é o fantasma, o demônio do cearense” (JULIO, 1936, p. 47).

 


Falar em história do Ceará sem as intempéries das secas seria impossível. Por meio das dificuldades acarretadas pelas secas, o cearense fora forjado. O relevo, fauna e flora do Ceará também são agentes formadores. O bioma da caatinga que é único no mundo, abrange não somente o Ceará, mas parte dos Estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais.

Em um período de seca temos em destaque a sede, onde com a falta de chuvas diminui diretamente o setor hídrico, prejudicando a prática agropastoril resultando em fome generalizada. Esse cenário proporciona surgimento de doenças e óbitos entre os mais diversos seres vivos que existem ou existiam no território cearense no decorrer de sua formação histórica.

Os primeiros registros da seca foram mencionados pelos colonizadores portugueses no século XVI. Todavia, as secas também estava presente na vida dos indígenas, porém como eram nômades eles não tinham um local fixo, logo poderia recorrer outros locais. Diferentemente, o europeu que estava na américa portuguesa com as suas duas práticas a agrícola e a pecuária, precisava de locais fixos para estabelecer essas atividades.

Ainda sobre os indígenas, é importante sabermos que

A sêca não nasceu depois de 1603. Já lhe sofriam as consequencias as tribus indigenas, muito antes dessa data. Ha claros indícios das inquietas e impressionanates migrações dos selvagens por causa do complexo fenômeno. Brutos, errantes, desorganisados, não sabíam sinão fugir do mal no momento do perigo. Não dispunham de nenhum recurso constante e inteligente contra a natureza implacavel. (JULIO, 1936, p. 46)

Para o historiador Josemir Camilo de Melo, a ocorrência das secas deve-se aos fenômenos como El Niño e o aquecimento ou esfriamento do Atlântico Norte ou sul, assim como o surgimento de atividades vulcânicas.

Origem do termo espanhol El Niño e La Ninã deve-se aos pescadores do Equador e Peru em alusão ao menino Jesus, pois no período natalino à presença de águas quentes (El Niño) ou frias (La Ninã) que surge todos os anos na costa norte dos referidos países alteram o clima em escala global. Não somente águas quentes promovidas pelo El Niño, contudo as transformações na atmosfera à superfície do oceano ocasionando uma diminuição dos ventos alísios que são aqueles que sopram de leste para o oeste na região equatorial. Temos como definição do El Niño sendo

“(...) um fenômeno meteorológico de escala global, resultante do aquecimento diferenciado do Oceano Pacífico, provocando alterações no regime de precipitações atmosféricas em várias partes da terra” (MELO,1999, p.14).

Os eventos mais significativos das ações ocorridas pelo El Niño entre 1914 a 2001, apontam que são os mesmos períodos de secas prolongadas no nordeste brasileiro. “Eles demarcam ciclos que alteram as condições de tempo e clima e modificam negativamente as precipitações na Região, notadamente no polígono das secas” (COSTA, 2014, p.75).

As dificuldades de chuvas em várias partes no Nordeste têm haver também com o relevo:

“O relevo nordestino exerce influência relativamente grande nas condições climáticas regionais, notadamente nas interferências da circulação das massas de ar e na diminuição da umidade penetrando no interior semiárido. As configurações dos compartimentos do relevo regional configuram barreiras para que o ar carregado de umidade e vindo do oceano Atlântico adentre o continente”. (COSTA, 2014, p.78).

Falando em Ceará, o território em boa parte está incluso no polígono das secas intrinsecamente ligado ao efeito de continentalidade que 

(...) diz respeito à distância relativa de uma área ou objeto em relação aos corpos líquidos. No caso nordestino e seu semiárido, o posicionamento da área em apreço configura uma distância relativa do litoral que, com a participação do relevo e da atuação dos sistemas atmosféricos configura um polígono que ora se aproxima mais do litoral, ora se afasta (COSTA, 2014, p.79).

O governo imperial brasileiro, tentou ao longo do século XIX mitigar os problemas advindos das secas com parcas soluções. Distribuição de plantas para arborização, distribuição de gêneros alimentícios e frentes de trabalho para ocupar os flagelados. Entretanto, uma das ações mais esdrúxula foi mandar camelos para o Ceará.

(...) importa 14 camelos, sendo 10 fêmeas, da Argélia e os envia para o Ceará. Um ano depois, três haviam sido mortos, picados por cobra, ou no processo de parto, e outros tiveram a perna quebrada; nasceram cinco crias. Segundo o Presidente do Ceará, eles se adaptaram muito bem e devoram com espantosa avidez todos os vegetais do país qualquer que seja seu estado. No entanto, em abril de 1861, só havia 5 animais adultos vivos e duas crias; o restante havia morrido de lepra. (MELO,1999, p.19).

A concentração de terras nas mãos das elites só aumentou durante os tempos de secas.

Desde tempos coloniais, os brancos usaram, inclusive, o argumento das secas, para aumentarem suas terras, através de pedidos à Coroa Portuguesa, pelo que chamavam de terras desabitadas. O Imperador Pedro II criou a lei de terras (1850), cujo objetivo era a venda das terras disponíveis, inclusive as dos índios. Durante o Império, o Imperador acabou com todas as aldeias indígenas (1862). Inadvertidamente, houve tentativas de colonização de terras com europeus e não com os índios ou seus descendentes, os caboclos. (MELO,1999, p.19).

Segundo o pesquisador José de Araújo Costa, mesmo os fenômenos das secas coincidirem com El Niño e serem assim previsível, os governantes têm se aproveitado dessa situação não para combatê-la, mas para manutenção do poder, a chamada indústria da seca.

A ideia de ter a população sempre refém aos grupos políticos locais ou não, deixa a resolução do problema das secas sempre de lado. Infelizmente temos alguns governantes que tiram proveito dar dor, fome, doença e da morte.

A' sêca, á falta de transportes e à ignorancia do pôvo, peor do que qualquer calamidade, junta-se a ação dos políticos, que causam males maiores, destróem os germens de idealismo e tudo degradam (JULIO, 1936, p. 54).

Na tabela abaixo apresentamos a cronologia das secas conforme os dados relatados por Tomás Pompeu, Barão de Stuart entre outros cronistas que registraram as secas a partir de 1692.

CRONOLOGIA DAS SECAS CEARENSE

GRANDES SECAS

SECAS TOTAIS

SECAS PARCIAIS

1721-1725

1692

1736-1737

1777-1778

1710-1711

1745-1746

1790-1793

1809-1810

1784

1824-1825

1844-1845

1804

1877-1879

1888-1889

1816

 

1915

1832

 

1932-1933

1891

 

1898

1900

1902-1903

1907

1919

1926

Fonte: GIRÃO, Raimundo. Evolução histórica cearense. Fortaleza, BNB.ETENE, 1985. p.185.

 

Conheceremos a seguir algumas secas que entraram na história do Ceará e seus principais capítulos. 


A seca de 1721-22 e 1723-27

O Ceará e a Paraíba foram assolados por uma seca (1721-22) que antecedeu a grande seca de 1723 a 1727. O Senador Pompeu, na “Memória” citada, escreveu sobre a de 1722 que “não só morreram numerosas tribos indígenas como os gados e até as feras e as aves se encontravam mortas por toda parte”. (ALVES, p. 34)

O escritor Figueiredo Filho (1964), em seu livro História do Cariri, menciona a seca de 1723-1727 que teve incidência em todo Nordeste, porém umas capitanias sofreram mais dos que outras. Nesse período, o Ceará contava apenas com poucos colonos europeus e os índios emigraram para as serras mais frescas.

Para se ter ideia, em 1725, os brejos e correntes estavam secos, fazendo com que a pouca população de Missão Velha abandona-se esse território por falta de água.

 

A seca de 1777-78

Em 1777 a população do Ceará enfrentou uma terrível seca que ficou conhecida como a "Seca dos Três Setes", o que certamente influenciou a deflagração de "distúrbios" não somente no termo da vila de Granja, mas na capitania de maneira geral. No entanto, apesar das devastadoras marcas deixadas pelas secas na sociedade colonial cearense, a ocorrência de atos de violência na capitania do Ceará, como venho procurando mostrar, esteve muito longe de se resumir à períodos de estiagem que, sem embargo, certamente contribuíam para o seu acirramento. Essa consideração aponta na direção de que a ocorrência de secas não explica a presença da violência na vida do sertão cearense, cujas causas profundas devem ser vasculhadas no constante fazer e refazer de suas relações sociais e de poder (GOMES, 2010, p. 114).

Nas secas dos anos 1777-78 trouxe grande prejuízo para a Capitania do Ceará e capitanias vizinhas, reduzindo o gado para um oitavo segundo Stuart.




A seca de 1790-93

Durante essa seca, destacou-se novamente o prejuízo para a pecuária, pois praticamente fora exterminada totalmente os rebanhos, liquidando com as charqueadas.

(...) seca de 1791-1793, que ficou conhecida pela denominação de "Seca Grande" na memória popular e foi apontada pelos contemporâneos como responsável pela dizimação de grande parte do rebanho da capitania, o que teria inclusive provocado o declínio da indústria do charque na economia cearense (GOMES, 2010, p. 122).

O capitão-mor Feo e Torres por meio dessa seca, acreditava que a imigração de vadios e criminosos oriundos de outras capitanias eram os verdadeiros responsáveis pelos distúrbios na capitania.

Para contornar os crimes e desordens que eram intensificados pelas secas de 1777-78 e 1791 a 1793, o governo colocou em prática a ideia de mandar a população pobre e livre para executar trabalhos regulares e disciplinados, com destaque na produção agrícola algodoeira. Com aumento da violência e do crescimento populacional o controle social na capitania do Siara Grande viria também na criação de novas vilas principalmente no interior. Com novos polos de produção ajudariam também o comércio e a captação de tributos régios a coroa portuguesa.

Foram relatados pelo vereador de Aracati, Manuel Esteves de Almeida, que durante a seca de 1791, os cearenses se alimentavam de corvos, carcarás, cobras, ratos, couros de boi, etc.


A seca de 1824-25

Segundo o Senador Pompeu, o ano de 1825 ficou marcado pela seca, fome, guerra civil, doença (peste da bexiga) e morticínio. Esse cenário favoreceu um aumento de saques nas fazendas e mortandade no campo. A seca no primeiro quartel do século XIX juntamente com a fome, doença e assassinatos fizeram emergir nas estradas da capitania em especial no interior, milhares de cruzes demarcando o local dos que vieram a falecer. Porém, de acordo com Pompeu a mortalidade assolou também a capital.

O terceiro presidente do Ceará, Nunes Belfort em ofício destinado ao Marquês de Barbacena em 8 de fevereiro de 1826, traz um relato que exemplifica esse momento de calamidade ocasionados pelas secas:


A seca de 1844-45

Essa seca castigara mais uma vez a vida do sertanejo cearense, fazendo recorrer novamente a alimentos dos mais diversos, tudo para se manter vivo e gerou uma onda de crimes oriundos da crise alimentícia.

A região do Cariri e outros locais que tinham serras úmidas na Província se tornaram em refúgio, mas a capital também recebeu os flagelados, cerca de 30 mil pessoas com corpos cadavéricos chegaram nesse período em Fortaleza.

A devastação ocasionada pela seca de 1844-45 afetou também as comunicações e ajuda governamental.

Como neste inverno não chovesse suficientemente para segurar o pasto, o gado vacum e cavalar morreu em grande parte, e os pobres levados pela necessidade, deram fim ao resto. Houve freguesias onde não ficou uma única rês, e as comunicações para o interior foram impossibilitadas pela falta absoluta de animais que estivessem em estado de suportar a viagem, de modo que só com uma necessidade extrema é que o governo pôde fazer transportar para o interior a farinha destinada a socorrer os indigentes. Assim mesmo, quando chegou a seu destino, já era tarde (GIRÃO, 1984, p. 199).

Essa seca, além de ceifar milhares de pessoas por fome e doença, proporcionou um desmantelamento no comércio.

Nesta situação calamitosa, ficaram os campos juncados de ossadas e o ar empestado pelas emanações animais em putrefação, desenvolveu na Província uma epidemia devastadora de febre tifóide, que levou à sepultura um grande número de vítimas, contribuindo para o mesmo fim a má alimentação dos necessitados, e a opressão moral que se apoderou dos proprietários do sertão, à vista dos seus animais que morreram até o último, e do estado de pobreza e penúria a que ficaram reduzidos. O comércio que se alimenta na Província, do produto do gado e dos animais cavalares, sofreu um abalo irreparável; as casas de negócio, não recebendo dos compradores o produto de suas vendas, também não puderam cumprir seus tratos e afinal quebraram. Finalmente, é impossível descrever todas as consequências de uma seca semelhante; e contados certos episódios deste calamitoso flagelo, custa-se muitas vezes a dar-lhes crédito, sem ter presenciado". (GIRÃO, 1984, p. 200)

 

A seca de 1877-79

Severa seca atingiu o nordeste do império brasileiro em 1877 e 1878, fazendo com que mais uma vez a fome, conflitos, doenças e mortes se fizeram presentes. A fauna e flora cearense estava novamente assolada. Milhares de corpos esqueléticos transladaram para a capital da província almejando uma chance de sobrevivência. Esses retirantes não vinham apenas da própria província cearense, mas de suas vizinhas, com destaque ao Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba.

Padre Cicero Romão Batista em Carta ao Bispo D. Luís não esperava uma seca no ano de 1877, mas mostrava preocupação pelo considerável número de flagelados que chegava ao Cariri.

Graças ao nosso bom Deus, tem dado algumas chuvas, e ainda que tenhamos perdido muita lavoura, estou animado que não teremos fome e apenas elevação dos preços pela imigração espantosa que tem corrido para o Cariri que está regurgitando de verdadeiros náufragos[...] (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 173-174).

Contudo, um ano depois em outra carta ao Bispo da Capital, Pe. Cícero, clama ajuda ao presidente da província.

É nas maiores angústias que escrevo a V. Exa e por uma ocasião tão lamentável que eu não queria para não levar a partilhar do excesso de nossas Aflições. Passamos por um estado de cousas que apenas se julgaria possível, porém só se vendo como o povo inteiro reuniu um excesso de tantos sofrimentos, parece que Deus enchendo a medida abandonou o Cariri. Sei que V. Exa é já acercado de tantos negócios, e eu não deveria pedir, mas estamos em tal extremo que só se quer socorro, e por isso desculpe eu enviar este ofício dirigido ao Presidente da Província para V. Exa Rev.ma mandá-lo apresentar e exigir alguma providência que já temos mandado três com esse e nem sequer tem a delicadeza de responder[...] Eu nunca pensei ver tanta aflição e desespero juntos; os cães saciam-se de carne humana, nos caminhos, no campo. Por toda parte, é um cemitério e o que mais aflige é que nem ao menos têm as consolações da Fé, sem sacramentos, sem nem ao menos uma voz amiga que lhes fale da Eternidade, onde vão sumir como viveram abandonados dos homens e como que até de Deus. Tudo fala de retirar-se[...] Ficarei eu à mercê de Deus, ao menos darei absolvição aos que puder, embora depois Deus disponha o que for servido[...]. (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 174)


Em 26 de novembro de 1878, Pe. Cicero encaminha novamente outra correspondência ao Bispo D. Luís, narrando sobre os horrores no sul da província.

“Tenho tanto medo, só me parece a seca continua, nem se pode duvidar, que tanta avareza, tanta impudícia, tanto assassinato, tanto crime em uma escala nunca vista, faça continuar o castigo ou aparecer outros maiores que Nosso Senhor nos livrando, é uma grande misericórdia.” (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 175)

Essa seca que devastou o Ceará, é considerado por várias pessoas que conheceram de perto a pior de todas, e os problemas dos retirantes se intensificaram, como aponta GIRÃO:

A 7 de junho, por via marítima, chegam-lhe de Mossoró 168 retirantes. Pelas fronteiras, dirse-ia uma invasão militar, tanta gente entrando dos sertões de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte. Cedo Fortaleza converteu-se na metrópole da fome, capital dum pavoroso reino, o reino macilento do martírio coletivo duma raça em penúria. (GIRÃO, 1984, p. 247)


Para lidar com o número de retirantes que só aumentava, os dirigentes das províncias tiveram a ideia de expediu os flagelados a região amazônica e colaborando no plano do Brasil Império de desbravar e civilizar essa área. O escoamento via marítima de flagelados para a região amazônica, girou em torno 255 mil e 526 pessoas, já para o Sul do país foi de 45 mil e 376 pessoas, entre 1869 até 1900.

Além do problema emigratório da população, os cearenses que ficaram sofreram com as doenças. Para se ter uma ideia, em 1878, a varíola devastou a província infectando 80 mil pessoas, e em somente em 10 de dezembro de 1878 morreram mais de mil pessoas na capital.

Jámais esquecerei o dia 10 de Dezembro daquelle anno, em que morreram mil e quatro pessoas de variola e os cadaveres de mais de duzentos ficaram insepultos e pela manhã do dia seguinte foram encontrados meio comidos pelos cães, pelos urubús (THEOPHILO, 1922, p. 99).

A varíola ceifou somente no mês de dezembro de 1878 mais de 14 mil pessoas e outras 860 foram vitimadas por outras doenças. E balanceamento levantado por Theophilo mostra a devastação durante todo o ano:

Para se avaliar de suas tristezas basta dizer que quase metade de seus habitantes a morte havia ceifado no curto espaço de anno. A sua população fixa com a retirante se elevava a 124 mil almas em 1878. Pois bem, de Janeiro a Dezembro daquellle anno morreram de varíola, febres, dysenteria, beribéri e outras moléstias 57.780 pessoas!!... (THEOPHILO, 1901, p. 21)

A mão de obra dos flagelados que aqui ficaram, foram responsáveis por várias obras como construções de estradas de ferro, açudes, igrejas, cemitérios, cadeias, pontes, mercados, quartéis, asilos, calçamentos, rodagens e aterros.

Relato impressionante do presidente estadual José Júlio de Albuquerque Barros sobre essa seca:


Com a falta de animais para fazer transporte e os que restavam para essa finalidade custando preços altíssimos, o governo da província achou melhor empregar flagelados para transportar os gêneros alimentícios com a finalidade de socorro público. Esses pobres coitados tinham que levar de 20 a 30 léguas de distância essa ajuda.

Com a falta de animais para fazer transporte e os que restavam para essa finalidade custando preços altíssimos, o governo da província achou melhor empregar flagelados para transportar os gêneros alimentícios com a finalidade de socorro público. Esses pobres coitados tinham que levar de 20 a 30 léguas de distância essa ajuda.

O cearense teve que se reinventar inúmeras vezes e adequando-se suas atividades econômicas de acordo com as necessidades e demandas de seu tempo.

Em 1880, Pe. Cicero escreve outra carta endereçada ao bispo, agora falando que a chuva voltara a cair em solo caririense e que o inverno estava muito bom, que parecia que Deus ouviu finalmente o clamor do povo.

[...]Agora, graças a Deus, posso noticiar a V.Exa que temos tido por aqui bom inverno, os gêneros já baratos e esperança de muita colheita que grande parte já está seguro. Nosso Senhor ouviu o clamor do seu povo![...] (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 175)

 

A seca de 1888-1889

"Se for necessário, mandarei fundir as jóias de minha coroa, mas não deixarei 05 cearenses morrerem de fome" exclamou comovido D. Pedro II, quando a "Grande Sêca" de 1888 assolava o Ceará e dizimava em regra um dos grupos raciais mais resistentes do Brasil. (SILVA, 1952, p. 74)

Em 04 de junho de 1889, Pe. Cícero manda carta ao Bispo Dom Joaquim sobre a seca que assolava o Cariri. Na visão do Pe. Cícero, essa seca era mais devastadora do que a relatada por ele em 1877 e o fardo de ser o guia espiritual desse povo sofrido era sufocante.

[...]Angustiado por tanta aflição, nem sei dizer o que sinto[...] O tremendo flagelo de fome apresenta-se diante dos meus olhos com todos os seus horrores, só um milagre nos poderá salvar, não falo do resto do Cariri que eu acho pior do que em 1877, porém contudo as poucas chuvas que houveram e os recursos das águas da região salvaram muita coisa. Em S. Pedro mesmo, onde vou sempre, continuando o meu trabalho e por natureza tão seco, e toda população obrigada a retirar ou morrer de sede por falta d’água para beber. Nosso Senhor acudiu com algumas chuvas e se o inverno seguinte começar cedo, escaparão. Quem está sem esperança é o pobre distrito de Juazeiro, tão populoso e tão pobre, é o Jó do Cariri, planta quase exclusivamente só arroz, as chuvas não foram suficientes para esta plantação que exige mais do que as outras. As águas do Rio Batateira não chegam mais até nós que façam as irrigações como era costume nos outros anos precedentes, o que era pântano que desde depois da seca de 1877 e a continuação dos péssimos invernos que se seguiram, dessecou de tal modo que pouco remedeia. O que é certo é que perdeu- se tudo e não vejo recurso de salvação, ou morrer ou ser retirante. Esta ideia rasga-me o coração e quase me mata não podendo dar remédio a tantos males, Temos pedido muito a Nosso Senhor e os meus pecados impedem que ele ouça! E como posso ver este pobre povinho que amo tanto, como uma parte de minha alma, desaparecer? Pesa-me mais do que a morte ou antes morro por cada um! E eu sei que Deus vai castigar o mundo com tanto rigor como não se pensa. Se a SS. Virgem não alcançar misericórdia e perdão é como uma tempestade de males que vai envolvê-lo e este ano mesmo é um ano de lágrimas. O Sagrado Coração de Jesus e as lágrimas de Maria falem por nós. Eu não sou nada, tenho consciência do que sou e por isso não me atrevo a dirigir-me aos que governam; são políticos, só com políticos se entendem. Lembrei-me de pedir a V. Exa que sabe chorar com os que choram, para se interessar, alcançando algum recurso do governo, por meio de algum trabalho e que seria de garantia para prevenir outros anos. (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 176-177).

Todavia, em outro trecho dessa carta, Pe. Cícero ainda apresenta uma possível solução paliativa pelo governo cearense que seria a construção de poços artesianos. O curioso nessa parte da carta que Pe. Cícero conta o exemplo de sucesso dos poços artesianos da cidade argelina de Constantina.

[...]Temos aqui bons lugares próprios para açudes que podem ser aproveitados e este pobre povo, tendo trabalho, possa escapar. Em Constantina, na Argélia, os poços artesianos têm remediado o mesmo mal que nós sofremos, e me parece que se é verdade o resultado que dão, será um remédio mais pronto e mais eficaz. Aí está uma companhia contratada pelo Governo para este fim, nos alcance um destes poços para o nosso pobre Juazeiro, de proporções largas, que dê para irrigar as terras que eram irrigadas pela Batateira nos anos precedentes. A quantia que para cada um foi ajustado sobra, e o nosso terreno se presta do melhor modo e me parece que terá melhor resultado. V. Exa Rev.ma, por caridade e por Nossa Senhora das Dores, que é dona deste lugar tão caro a seu Sagrado Coração, seja o instrumento de que ela se sirva para nos salvar. O nosso bom amigo Pe. Manuel Félix, este homem de Deus que veio partilhar com as nossas amarguras como testemunha, ainda dirá melhor a V. Exa Rev.ma a nossa condição. Estamos nas mãos de Nosso Senhor, Ele se compadece de nós[...]. (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 177)

 

A seca de 1900

No período da seca de 1900, Padre Cícero em correspondência a outro sacerdote, Climério, é relatado o morticínio de vários cearenses que morreram de fome ou na imigração. O que chama atenção nessa carta é o apelo político do Pe. Cícero, que por meio da imprensa cada cearense castigado e desprezado pelos poderes públicos deveriam reclamar com os governantes.

O nosso Ceará passa por uma crise tão medonha que está ficando despovoado. Ainda que tenha visto o que dizem os jornais sobre a seca no Ceará, não faz uma ideia do que seja. Parece não ter mais um terço da população. Morre-se de pura fome e a imigração no maior desespero de escapar ainda, atirando-se os pobres, sem nenhum recurso, aos caminhos a morrer ou escapar, é contínua. É um horror e cada dia aumenta mais. Meu amigo, cada cearense deve ser uma trombeta na Imprensa e em toda parte gritando com toda força, pedindo socorro para o grande naufrágio do Ceará. Pode ser que estes governos que têm dever de salvar os Estados nas calamidades públicas despertem este clamor e não queiram passar por assassinos, deixando caprichosamente morrer milhares de vidas que podiam salvar e não querem. Estamos certo que só a Providência nos dará remédios. (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 183-184)

            Segundo Rodolpho Theophilo, os estragos ocasionados pela seca de encerramento do século XIX, deve-se culpabilizar a figura do presidente do Ceará, Nogueira Accioly, que não quis socorrer a população mesmo com saldo no tesouro. Obras para aliviar os castigos das secas como por exemplo, açudes, foram completamente ignoradas pelo Accioly.

A calamidade de 1900 foi peior ainda porque foi total, se estendeu a todo o Estado tornando estereis até as próprias serras. A agua cahida na estação do inverno foi insignificante. Em Fortaleza, por exemplo, onde a media das chuvas em annos normaes é de mil e quinhentos millimetros, apenas registrou o pluviometro pouco mais de duzentos (THEOPHILO, 1901, p. 59).

            Um jornal da capital federal, O Malho, fez duras críticas ao gestor cearense e sua omissão no enfretamento da seca, como observamos nessa crônica:

Projecta-se uma grande manifestação de apreço e homenagem à commemoração do centenario da secca do Ceará e adjacencias,

O menu do banquete que será offerecido aos famintos, por subscripção da familia Accioly, está de lamber os beiços e pedir mais.

Ahi vai um pedacinho:

Sopa de illusões Pirão de brisa

Fatias do céo, com batatinhas de canicula.

Farofia governamental

Leite de Pato Pão que o diabo amassou

Ovos de crocodilo

Salada de promessa

E terminará a funcção com um grande fogo de artificio, tocando as bandas de musica a conhecida valsa Esperança Perdida.

O Malho. Edição 57. Rio de janeiro. 17 de outubro de 1903.

A seca de 1900 acabou em dezembro, quando caíra as primeiras chuvas do inverno de 1901, salvando os gados que estavam prestes a perecer. Conforme Theophilo (1901), os cearenses não devem esperar ajuda do governo federal para contornar os problemas da seca.

A SECCA de 1900, terminada com o seculo, trouxe-nos a certeza de que o Ceará não deve contar com o governo da União em casos de calamidade, muito em bora o nosso pacto federal garanta a assistencia publica (THEOPHILO, 1901, p. 239).

 

A seca de 1915

Umas das estiagens mais severas na história do Ceará, aconteceu em 1915.  Veja uma breve descrição da devastação dessa calamidade no público infantil:

As epidemias indebeláveis dizimavam, por outro lado, impiedosamente, os concentrados, com índice maior de óbitos entre as criancinhas, que eram enterradas ali mesmo em valas comuns de cemitérios improvisados, não raras vezes repetindo-se cenas macabras de destruição dos "anjinhos” pelos cães famintos que cavavam as covas razas mal abertas pelos músculos enfraquecidos dos pobres pais inconsoláveis (BORGES, 1984, p. 103).

Apesar da seca de 1915 ser uma das mais terríveis registradas, segundo Rodolpho Theophilo, a de 1877 foi mais cruel para o cearense. O número assombroso de retirantes em Fortaleza era sem precedentes em 1878, de acordo com Theophilo, a capital contava com 160 mil pessoas e desses 120 era só de retirantes. Em dados comparativos Theophilo recorda que na seca de 1915 o número de retirantes era de 20 mil retirantes.



Para conter o número surpreendente de famintos que chegavam à capital, o presidente do Ceará teve a ideia de criar abarracamentos que foram chamados de campos de concentração e popularmente conhecido como curral.

Deu-se em 1915 o que se deu em 1878. O presidente Aguiar, por actos da mesma data, suspendeu os soccorros publicos para o interior e a construcção de abarracamentos em Fortaleza (THEOPHILO, 1922, p. 104).

Rodolpho Theophilo, faz uma descrição de como eram os Campos de Concentração no Ceará:


            Rodolpho Theophilo faz duras críticas ao governo, aos militares (por que se quisessem obrigaria o governo respeitar as leis e amparar a população que em maioria ficaram inerte, nem uma revolução propuseram.

Naquella população retirante de cento e vinte mil almas, a que o governo tirava o pão que a lei garantia, havia um exercito de quinze mil homens, que, pela força, obrigariam, se quizessem, o Governo a: cumprir o seu dever, reconsiderando o seu acto. Nem um daquelles miseraveis se levantou para protestar. Preferiram curtir fome ao lado da familia, até que o Governo reconsiderasse o seu acto, como reconsiderou. (THEOPHILO, 1922, p. 104-105)

O Ceará recebeu ajuda de várias frentes, para combater os estragos da seca de 15. Entre essas ajudas destacamos: os 8 mil pesos enviados pelo Uruguai; os 300 contos, levantados pela população paulista organizado pelo o jornal O Estado de São Paulo e a Concessão de crédito de 100 contos da Assembléia do Estado de São Paulo, por intermédio do Deputado João Sampaio. Entretanto ajuda mais significativa, veio do arcebispo de Fortaleza, D. Manoel da Silva Gomes:

D. Manoel, com sua viagem providencial. conseguiu angariar para o. Ceará a elevada quantia de 573:032$430, que S. Ex. distribuiu escrupulosamente com muita equidade e justiça, tendo feito publicar todos os balancetes parciaes no «Correio do Ceará» em diversas datas e os balancetes geraes nos numeros de 6, 7, 8 e 12 de julho de 1910.

Na distribuição desses soccorros D. Manoel foi poderosamente auxiliado pelo clero da capital e do interior, pelas irmãs superioras do Collegio da I. Conceição e da Santa Casa, pelas senhoras de caridade, reitor do seminario, pela Sociedade de S. Vicente de Paulo, presidida pelo illustre barão de Studart, e muitas outras aggremiações e pessoas da alla sociedade fortalexiense. Todos foram incansáveis durante os mezes em que Fortaleza esteve assediada pelos infelizes famintos (ALBANO, 1918, p. 54).

O interior também recebeu colaborações,

Durante a seca de 1915, Padre Cícero em correspondência ao Monsenhor Quintino, agradece a colaboração do Senhor Possidonio que doou a quantia de 300 mil reis para ajudar no enfrentamento dessa crise que arruinava mais uma vez o Cariri. Nessa carta Padre Cícero ainda recordar das colaborações do Bispo D. Luiz e do imperador D. Pedro II que mandou 65 mil contos para ajudar os flagelados sertanejos. (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 182)

            Mesmo com essas ações de caridade, o número de mortos pela seca de 15 são bastantes expressivos e atingiu principalmente as crianças, vitimadas por várias doenças relacionados ao aparelho digestivo.

 

A seca de 1932

Em outra carta, agora destinada ao presidente da República, Getúlio Vargas, em 20 de abril de 1932, o Padre Cícero apresenta uma nova solução para o enfrentamento da seca, que era a construção do açude Carás e prolongamento da linha férrea partindo de Missão Velha.

[...]Tomo liberdade insistir, perante V.Exa, serem atacados trabalhos ramal ferroviário Juazeiro-Barbalha, açude Carás, já estudado, bem como prolongamentos R.V.C. partindo Missão Velha. Estes serviços amparariam populações famintas zona Cariri, consideravelmente aumentadas flagelados Estados vizinhos, para aqui atraídos fama fertilidade desta zona. Releve V.Exa insistência venho tratando este assunto para o qual estão voltadas todas as minhas preocupações, não só pelas excepcionais atenções me dispensa povo nordestino como, sobretudo, pela compaixão que me despertam observações in loco horrível sofrimento nossos infelizes patrícios. (GUIMARÃES e DUMOULIN, 2015, p. 178-179).

 


Outras informações sobre as secas

            O estilo de vida do sertanejo nordestino em geral, teve que se adaptar as condições do ambiente a qual dispunha, produzindo vários elementos peculiares presentes na cultura dos sertões. No vestuário encontramos várias peças feitas a partir do couro do gado, destacamos dois: o gibão (casaco do vaqueiro) e currulepe (sandálias). Vários outros utensílios também são oriundos do ser humano que habita no agreste com influências forte dos indígenas, como: cabaça (cantil), panela de barro, rede etc.

Em relação ao manejo com o solo, também temos várias artimanhas:

nosso matuto já inventou o barreiro, buraco cavado no chão da chapada, batido a malho, ou socado a pata de gado, até a impermeabilização do terreno (PINHEIRO, 2010, p. 277).

            Ainda sobre o aprisionamento do líquido precioso, é interessante sabermos que

constróem-se, nesta ocasião, os pequenos açudes. Qualquer racha vultosa do terreno se presta, e o fazendeiro manda aumenta-la e tapar-lhe a bôca. As aguas convergem para o buraco aberto e não fogem, porque a parêde sólida que as retém está cravada no sólo a vários metros de profundidade (JULIO, 1936, p. 49).

            Os efeitos da seca como vimos não afetam somente pessoas pobres, mas fazendeiros e comerciantes tiveram seus negócios arruinados pela falta de chuvas no sertão cearense.

Durante as sêcas prolongadas, desfilam, pelos caminhos requeimados e tétricos, não só familias de infelizes pobretões, mas tambem as dos chefes, as dos proprietarios, as dos ricos da véspera (JULIO, 1936, p. 38).

Sendo assim,

Morreram milhares de pessoas, inclusive membros de familias ricas, que pereceram entre suas bai xelas de prata mesmo porque, não existindo práticamente vias de comunicação regulares, era difícil, senão impossível, importar víveres com rapidez. (SILVA, 1952, p. 74)

Com a falta do socorro dos poderes públicos, o sertanejo caririense teve que se virar sozinho, fazendo que

No ano sêco de 42, produziram os lavradores da chapada, de Jardim e Porteiras a Campos Sales, sem nenhum auxílio dos poderes públicos, mais de um milhão de quartas (80 litros cada quarta) de farinha de mandioca, ou sejam mais de 50 milhões de cruzeiros, calculando-se a quarta à razão de cinquenta cruzeiros.

Nas feiras das cidades do Cariri, naquele tempo, vendeu-se o litro por 90 centavos. (PINHEIRO, 2010, p. 279)

O fator emigratório das populações nordestinas devido a ocorrências das secas, fez com que a mão de obra desses flagelados fosse almejada em outras regiões do país, como aponta Irineu Pinheiro:

Em 1943, ano que se seguiu imediatamente a uma grande sêca, um notável jornalista patrício chegou a dizer que se deveria desejar uma nova crise “por que mais densas serão as coortes dos guerrilheiros dos seringais amazônicos e mato-grossenses”. (PINHEIRO, 2010, p. 277)

De acordo com as hipóteses/questionamentos do escritor Sílvio Júlio (1936), o banditismo nordestino tem como um dos agentes potencializadores as secas que passa a ser também um problema social e que prejudicou o desenvolvimento do Ceará durante séculos.

De que vale fundar bancos, jornais, tipografias, si uma sêca reduz a pó mais da metade da atividade cearense? De que vale lançar no encalço dos cangaceiros tropas da polícia, si o banditismo nordestino provêm de circunstâncias muito antigas e de caráter econômico-social? (JULIO, 1936, p. 53)

As secas podem ser consideradas um problema crônico do Ceará, contudo ela fortaleceu não apenas o povo cearense, mas a população nordestina como um todo. A cultura do povo cearense está enraizada fortemente nas tradições decorrentes das secas, porém nossas riquezas naturais não podem ser esquecidas.

Em um futuro não muito logicou, quando os paleontólogos se debruçarem sobre como era a população sertaneja na idade moderna / contemporânea, não irá faltar vestígios humanos, uma vez que vários morreram no processo imigratório do interior rumo a capital.  Além dos diversos cemitérios improvisados que eram enterrados em valas comuns muitos flagelados, outro ponto de destaque são as vias férreas, onde muitos morreram nos trilhos, por não conseguirem adentrar nos vagões dos trens em movimentos por estarem muitos fracos.

A história das secas no Ceara não é assunto por dá por encerrado, pois os capítulos desse livro estão sendo escritos e vividos. Aqui não objetivamos esgotar as discursões mas contribuir para o entendimento desse processo formativo do povo cearense que está umbilicado a esse processo natural climático.

 

Referências

ALBANO, I. O secular problema do nordeste. 2. ed. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1918.

ALVES, J. História das secas (Século XVII a XIX). [S.l.]: Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria. Disponivel em: <https://colecaomossoroense.org.br/site/wp-content/uploads/2018/07/HIST%C3%93RIA-DAS-SECAS.pdf>. Acesso em: 13 mai. 2021.

BORGES, R. D. O. A Sêca de 1915. Itaytera , Crato, n. 28, p. 101-104, 1984.

COSTA, José de Araújo. (2014). O fenômeno El Niño e as secas no nordeste do Brasil. EDUCTE: Revista Científica Do Instituto Federal De Alagoas, 3(1). Recuperado de <https://periodicos.ifal.edu.br/educte/article/view/13>.

FIGUEIREDO FILHO, J. D. História do Cariri. Crato: Faculdade de Filosofia do Crato, v. I, 1964.

GIRÃO, R. Pequena história do Ceará. 4. ed. Fortaleza: Edições Universidade Federal do Ceará, 1984.

GIRÃO, R. Evolução histórica cearense. Fortaleza: BNB.ETENE, 1985.

GOMES, J. E. A. B. Um escandaloso Theatro de Horrores: a capitania do Ceará sob o espectro da vioência. Fortaleza: Imprensa Universitária , 2010.

GUIMARÃES, T. ; DUMOULIN,. O Padre Cícero por ele mesmo. 2. ed. Fortaleza: INESP, 2015.

JULIO, S. Terra e povo do Ceará. Rio de Janeiro: Livraria Cravalho Editora, 1936.

Melo, J. C. de. (1999). O fenômeno el niño e as secas no Nordeste do Brasil. Raízes: Revista De Ciências Sociais E Econômicas, (20), 13-21. <https://doi.org/10.37370/raizes.1999.v.162>.

PINHEIRO, I. O Cariri. Fortaleza: UFC, 2010.

SILVA, A. D. A Fuga da Sêca e da Miséria. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, n. 26, 12 abr. 1952, p. 74-76.

THEOPHILO, R. Seccas do Ceara: segunda metade do século XIX. Fortaleza: Editor Louis C. Cholowieçki, 1901.

THEOPHILO, R. A Secca de 1915. Rio de Janeiro: Imprensa Ingleza, 1922.

 Vídeos sobre as secas



Filmes sobre as secas










 

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Um comentário:

  1. Excelente trabalho! Excelente fonte de informação a nível acadêmico. Ótima fonte para formação de professores e alunos de nível superior, médio de fundamental.

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