Sesmarias e o surgimento do poder caririense


 

Carta da capitania do Ceará. Sampaio, Manoel Ignácio Paulet, Antonio José da Silva, 1778



         O termo sesmaria vem de sesma, que é uma derivação do vernáculo do antigo verbo sesmar, que significa dividir em sesmas/sesmarias.

A política colonizadora portuguesa consistiu na distribuição de sesmarias (lotes de terra) aos novos habitantes. As terras da América Portuguesa, poderiam ser adquiridas gratuitamente pelos colonos, bastando apenas que os mesmos requisitassem a concessão legal das terras devolutas ficando com a obrigação de deixá-las produtivas em um período de até cinco anos. Essas sesmarias, deram origem aos primeiros latifúndios e eram entregues pelos capitães donatários e posteriormente pelo governador-geral, sendo oficialmente extinto em 1822.

Um detalhe interessante é que as cartas de sesmarias davam o direito de exploração de terras despovoadas, ou seja, sem a presença do colonizador branco, as terras não eram doadas e sim emprestadas, isso na teoria. Não se conhece alguém que tenha devolvido, geralmente se o sesmeiro não estava satisfeito com suas terras ele vendia para outros colonos.

A ocupação das terras sertanejas foi proporcionada pelas sesmarias que colaborou para a atividade pastoril, e fortalecia o poder do vaqueiro responsável pela exploração rural. O vaqueiro era assistido pelos moradores e agregados (mestiços e índios) que colaboravam com a atividade pecuarista.

Por conseguinte, podemos afirmar que a povoação no Cariri se deve mais aos agregados mamelucos, do que mesmo os sesmeiros. “Na maioria, êsses sesmeiros se encheram, parasitàriamente, do produto dos arrendamentos e vendas em que retalharam os latifúndios que nada lhes custaram” (FIGUEIREDO FILHO, 1964, p. 27).

Os fundadores do Cariri, são os compradores dos fragmentos dessas sesmarias, e como quem detêm posse de terras em um território agropastoril tem poder econômico, logo se tornaram donos do poder político.

Os fundadores vivem, na maioria, através de decendências vigorosas, que lhes continuam a obra fecunda, num esfôrço ininterrupto e hercúleo de quase 300 anos. Elas lhes portam os nomes, podendo, alguns, ser indicados: os Melo, os Pinheiro, os Alencar, os Esmeraldo, os Landim, os Sampaio, os Sá Barreto, os Quental, os Filgueiras, os Figueirêdo, os Furtado Leite, os Cardoso, os Araújo Lima, Cruz Neves e tantos outros (FIGUEIREDO FILHO, 1964, p. 28).

Além dos sobrenomes citados por Figueiredo Filho, faça uma análise das pessoas que gerenciam as cidades caririenses direta ou indiretamente como eles chegaram ao poder? Quando investigar irá ver um elo comum com os antigos posseiros coloniais.

 

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Obras Citadas

FIGUEIREDO FILHO, J. D. História do Cariri. Crato: Faculdade de Filosofia do Crato, v. I, 1964.

 

Um comentário:

  1. Robinson parabéns pelo teu blog! Essa atividade com análise de documentos é muito importante já para os alunos conhecerem as fontes históricas trabalhadas pelo historiador e sua importância.

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